ACESSIBILIDADE E
INCLUSÃO",
O ensino estruturado para as Perturbações Do Espectro Do Autismo
Segundo as normas orientadoras, Brasil
(2008), o PEA (Perturbações Do Espectro Do Autismo) são disfunções graves e precoces do
neuro-desenvolvimento que persistem ao longo da vida, podendo coexistir com
outras patologias.
Apesar da multiplicidade de estudos existentes e de se
reconhecer que apresentam uma causa biológica bem demonstrada, continua ainda
por definir qual a etiologia precisa que desencadeia um quadro clínico de
autismo. No entanto, parece ser consensual3 que esta perturbação evidencia uma
origem multifatorial, devendo ser considerados fatores genéticos, pré e pós
natais, com uma combinação complexa que leva a uma grande variação na expressão
comportamental.
Não obstante esta grande variação, tipicamente as PEA
caracterizam-se por uma tríade clínica4 de perturbações que afetam as áreas
da comunicação, interação social e comportamento
Presentemente,
as PEA englobam:
·
Perturbação autística (autismo de
Kanner, autismo infantil ou autismo clássico);
·
Perturbação de Asperger (Síndrome de
Asperger);
·
Perturbação desintegrativa da segunda
infância;
·
Perturbação global do desenvolvimento
sem outra especificação (autismo atípico);
·
Síndrome de Rett.
O diagnóstico desta perturbação continua a ser realizado
através da avaliação directa do comportamento do indivíduo, segundo
determinados critérios clínicos presentes nos sistemas de classificação do
DSM-IV6 e do CID-107. Ambos os sistemas de classificação
aceitam que existe um espectro da condição autista que consiste numa
perturbação do desenvolvimento e baseiam-se na tríade de características atrás
mencionadas.
O ensino estruturado consiste num dos aspectos pedagógicos mais importantes
do modelo TEACCH ( Tratamento e educação de autistas e de comunicação
relacionadas Criança Deficiente) . O modelo TEACCH surgiu na sequência de um
projeto de investigação que se destinava a ensinar aos pais técnicas
comportamentais e métodos de educação especial que respondessem às necessidades
dos seus filhos com autismo. Foi desenvolvido por Eric Schopler e seus
colaboradores na década de 70, na Carolina do Norte (Estados Unidos da
América).
O UEEA (unidades de
ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espectro do
autismo), tem como objetivo principal ajudar
a criança com PEA a crescer e a melhorar os seus desempenhos e capacidades
adaptativas de modo a atingir o máximo de autonomia ao longo da vida.
O ensino estruturado que é aplicado pelo modelo TEACCH,
tem vindo a ser utilizado em Portugal, desde 1996, como resposta educativa aos
alunos com PEA em escolas do ensino regular.
Numa perspectiva educacional o foco do modelo TEACCH está
no ensino de capacidades de comunicação, organização e prazer na partilha
social. Centra-se nas áreas fortes frequentemente encontradas nas pessoas com
PEA – processamento visual, memorização de rotinas funcionais e interesses
especiais – e pode ser adaptado a necessidades individuais e a diferentes
níveis de funcionamento.
É um modelo suficientemente flexível que se adequa à
maneira de pensar e de aprender destas crianças/jovens e permite ao docente
encontrar as estratégias mais adequadas para responder às necessidades de cada
um.
O ensino estruturado traduz-se num conjunto de princípios
e estratégias que, com base na estruturação externa do espaço, tempo, materiais
e atividades, promovem uma organização interna que permite facilitar os
processos de aprendizagem e de autonomia das pessoas com PEA, diminuindo a
ocorrência de problemas de comportamento. Através do ensino estruturado é
possível: Fornecer uma informação clara e objetiva das rotinas;
·
Manter
um ambiente calmo e previsível;
·
Atender
à sensibilidade do aluno aos estímulos sensoriais;
·
Propor
tarefas diárias que o aluno é capaz de realizar;
·
Promover
a autonomia.
·
A criação de situações de ensino/aprendizagem estruturadas
minimiza as dificuldades de organização e sequencialização, proporcionando
segurança, confiança e ajuda a criança/jovem com PEA a capitalizar as suas
forças.
Estrutura Física
A estrutura física consiste na forma de organizar e
apresentar o espaço ou ambiente de ensino/aprendizagem. Este, deve ser
estruturado de forma visualmente clara, com fronteiras e áreas bem definidas,
permitindo que o aluno obtenha informação e se organize o mais autonomamente
possível, sendo essencial para garantir a estabilidade e fomentar as
aprendizagens.
A delimitação clara das diferentes áreas ajuda o aluno com PEA a entender melhor o seu meio
e a relação entre os acontecimentos, permitindo-lhe compreender mais facilmente
o que se espera que realize em cada um dos espaços.
#PraCegoVer.
Figura 1 contém uma Planta de uma UEEA - contendo 1 - Área de transição, 2 – Reunião, 3 – Aprender,4 – Trabalhar,5 – Brincar, 6- Trabalhar em grupo, 7 – Computador
Figura 1 contém uma Planta de uma UEEA - contendo 1 - Área de transição, 2 – Reunião, 3 – Aprender,4 – Trabalhar,5 – Brincar, 6- Trabalhar em grupo, 7 – Computador
Figura 1- Planta de uma UEEA
|
Legenda:
1 - Área de transição
2 - Reunião
3 – Aprender
4 – Trabalhar
5 – Brincar
6- Trabalhar em grupo
7 – Computador
|
Em uma UEEA
(unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do
espectro do autismo), podem ser criadas diferentes áreas.
O espaço existente e as necessidades dos alunos estão na base da
estruturação do espaço e na criação das que se considerem necessárias
Organização do Espaço
ÁREA DE TRANSIÇÃO
A Área de Transição corresponde ao espaço onde estão os horários individuais
que irão orientar as atividades diárias de cada aluno (figura 11). As pistas
visuais informam sobre onde, quando e o que fazer durante o dia ou parte
do dia.
É possível planificar de forma previsível as muitas mudanças que
ocorrem ao longo do dia, ajudando o aluno a superar a resistência à mudança ou
as alterações de rotina, mesmo em situações que possam parecer pouco
significativas. Dar ao aluno a noção de sequência temporal, facilita a
compreensão de ordens verbais, ajuda a diminuir os problemas de comportamento e
desenvolve a autonomia.
#PraCegoVer.
Figura 2 um contém um Painel com o horário individual informa o aluno do que vai fazer ao longo do dia
#PraCegoVer.
Figura 2 um contém um Painel com o horário individual informa o aluno do que vai fazer ao longo do dia
Figura 2-
O horário informa o aluno do que vai fazer ao longo do dia.
ÁREA DE APRENDER
A Área de Aprender é o espaço de ensino
individualizado, limpo de estímulos distrações, onde se desenvolve a atenção e
a concentração, ao mesmo tempo que novas competências e tarefas são trabalhadas
e consolidadas com o aluno. São utilizadas estratégias demonstrativas, pistas
visuais ou verbais, ajudas físicas, reforços positivos e também atividades que
vão ao encontro dos interesses do aluno.
O plano de trabalho deverá estar visível (em cima da mesa)
e os símbolos apresentados correspondem aos que estão nos tabuleiros com as
tarefas a realizar, previamente organizadas. Desta forma, o aluno pega no
primeiro símbolo do plano de trabalho e, dos tabuleiros colocados à sua
esquerda, retira o correspondente ao símbolo que tem na mão, fixa-o no tabuleiro,
ficando dois símbolos iguais lado a lado. Realiza a tarefa, coloca-a dentro do
tabuleiro e arruma-o num local que corresponda a acabado. Procede de
igual modo em relação às restantes tarefas, terminando o plano de trabalho
quando os tabuleiros estiverem arrumados à sua direita. . hashtag
#PraCegoVer.
Figura 3 contém uma Área de aprender contendo uma mesa com caixa com divisórias com as atividades que devem ser ensinadas para aprendizagem individual.
#PraCegoVer.
Figura 3 contém uma Área de aprender contendo uma mesa com caixa com divisórias com as atividades que devem ser ensinadas para aprendizagem individual.
Figura 3-
Área de Aprender.
ÁREA DE TRABALHAR
É a Área na qual se pretende que o aluno realize de forma
autónoma as atividades já aprendidas. Cada aluno deve ter a sua área de
trabalhar. Também aqui, existe um plano de trabalho que transmite ao aluno
informação visual sobre o que fazer e qual a sequência (cada tabuleiro deverá
corresponder a uma tarefa com todo o material necessário para a sua
realização). Com base em rotinas funcionais (direita/esquerda, cima/baixo), o
aluno desenvolve a noção concretizada de princípio, meio e fim (começar, fazer
e acabar), tornando-se capaz de realizar uma tarefa ou sequência de tarefas.
#PraCegoVer.
Figura 4 contém uma Área de trabalhar com as atividades que devem ser ensinadas na aprendizagem individual.
#PraCegoVer.
Figura 4 contém uma Área de trabalhar com as atividades que devem ser ensinadas na aprendizagem individual.
Figura 4-
Área de Trabalhar
ÁREA DE REUNIÃO
Esta é uma Área destinada a desenvolver atividades que,
garantindo a planificação e a estrutura, promovem a comunicação e a interação
social. A Reunião pode realizar-se em vários momentos do dia, desde que todos
os alunos ou a maioria se encontrem na unidade.
Alguns exemplos de situações a trabalhar nesta área:
·
Explorar
o tempo, calendário, mapas de presenças;
·
Explorar
objetos, imagens, sons, fantoches;
·
Aprender
e cantar canções;
·
Ouvir
histórias;
·
Aprender
a escolher;
·
Imitar
batimentos, gestos, ações;
·
Aprender
a estar sentado;
·
Organizar/relatar
experiências vividas;
·
Planificar
e introduzir novos temas;
·
Generalizar aprendizagens em
conjunto.
#PraCegoVer.
Figura 5 contém uma Área de reunião, com cadeiras e lousa para reuniões em grupo
Figura 5- Área de Reunião.
ÁREA DE TRABALHAR EM GRUPO
É a Área na qual todo o grupo poderá desenvolver trabalhos
em conjunto. Priorizasse o desenvolvimento de atividades expressivas como
musicais, plásticas e outras; jogos de grupo (lotos, dominós, jogos da
memória...), entre outras. Todos os alunos devem participar, independentemente
do seu nível de funcionamento, desenvolvendo formas de interação e de partilha
com os seus pares (inclusive alguns colegas da turma), aprendendo a esperar e a
dar a vez, a escolher e a generalizar aprendizagens.
#PraCegoVer.
Figura 6 contém uma Área de trabalho em grupo com uma mesa e quatro cadeiras
#PraCegoVer.
Figura 6 contém uma Área de trabalho em grupo com uma mesa e quatro cadeiras
Figura 6-
Área de Trabalhar em Grupo.
ÁREA DE BRINCAR OU LAZER
É o local destinado a:
·
Aprender a relaxar;
·
fazer curtos momentos de espera;
·
permitir as estereotipia;
·
aprender a brincar (com a presença do
adulto);
·
trabalhar
o jogo simbólico.
Deverá existir material que ajude a descontrair como
tapetes, almofadas, sofás, brinquedos variados, música e outros materiais que
se entendam adequados. É o local privilegiado para a “inclusão inversa”, onde
os pares da escola desenvolvem atividades criativas e estimulantes que podem
servir de modelo.
#PraCegoVer.
Figura 7 contém uma Àrea de brincar ou lazer contém um armário com brinquedos e pufes pelo chão.
#PraCegoVer.
Figura 7 contém uma Àrea de brincar ou lazer contém um armário com brinquedos e pufes pelo chão.
Figura 7 - Área de Brincar ou Lazer.
ÁREA DO COMPUTADOR
Esta Área pode ser utilizada de forma
autónoma, com ajuda, ou em parceria, aprendendo a esperar, a dar a vez e a
executar uma atividade partilhada.
As Tecnologias de Informação e
Comunicação podem ser utilizadas para ultrapassar eventuais dificuldades de
reprodução gráfica, generalização de aprendizagens, de atenção e motivação.
Também contribui para melhorar, entre
outras competências, a coordenação óculo manual, o entendimento de conceitos, a
manifestação de conhecimentos e para a utilização de alguns meios aumentativos
e/ou alternativos da comunicação.
#PraCegoVer.
Figura 8 contém uma Área do computador , um computador desktop em cima da mesa com uma cadeira
#PraCegoVer.
Figura 8 contém uma Área do computador , um computador desktop em cima da mesa com uma cadeira
Figura 8-
Área do Computador.